Politização da imigração. Portugal como excepção europeia
Journal of Common Market Studies Article

07.09.2020

 

Investigadores do CIES-Iscte publicam artigo no qual exploram o nível de politização da imigração em Portugal entre 1995 e 2014.

Publicado este ano no Journal of Common Market Studies, este artigo apresenta uma análise comparada com outros 7 países europeus e evidencia uma ausência de politização da imigração em Portugal, influenciada principalmente por fatores top-down, como a atuação dos principais partidos políticos.

 

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O artigo "The Politicization of Immigration in Portugal between 1995 and 2014: A European Exception?", da autoria dos investigadores João Carvalho e Mariana Carmo Duarte, representa o culminar do projeto de investigação “Apoio e Oposição à Imigração em Portugal numa Perspetiva Comparada”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/IVC-CPO/1069/2014). O projeto analisa a politização da imigração e integração de imigrantes em Portugal durante um período de 20 anos (1995 a 2014), determinando as razões pelas quais potenciais conflitos relativos à temática da imigração se tornam salientes e polarizados na esfera pública. Para tal, foi realizada uma análise de reivindicações políticas através de uma amostra de notícias de 2 jornais portugueses (Público e Correio da Manhã).

 

No artigo publicado na revista científica internacional de Q1 (Scimago), JCMS (Journal of Common Market Studies), os investigadores concluem que o tema da imigração não se tornou politizado em Portugal. Numa perspetiva comparada, Portugal apresenta-se como uma exceção no contexto europeu, com os níveis mais baixos de politização da imigração, em comparação com Áustria, Grã-Bretanha, Suíça, Holanda, Bélgica, Irlanda e Espanha (entre 1995 e 2009).

 

Para compreender os baixos níveis de politização identificados, os investigadores examinaram até que ponto estes são impulsionados por processos ascendentes (bottom-up), como fatores socioeconómicos, ou por fatores políticos descendentes (top-down), como a atuação dos principais partidos políticos. O estudo conclui que a ausência de politização da imigração em Portugal está sobretudo associada a fatores descendentes (top-down), nomeadamente ao consenso entre os principais partidos sobre a abordagem positiva em relação à imigração.

 


 

 

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